domingo, 26 de outubro de 2014

EDUCAÇÃO - "Qe portugês é ese, omem?"

‘Qe portugês é ese, omem?’ Professores sugerem mudanças polêmicas na língua para facilitar o ensino


Imagine a cena: vosê corta o qeijo no café da manhã; em segida, esqenta água e faz um xá. Enserrada a refeisão, veste uma bluza e vai comprar jornal. No caminho, vê um omem vendendo rozas e deside enfeitar a caza. Achou tudo bem esquisito? Pois saiba que são só alguns exemplos de mudanças na língua portuguesa propostas por um conceituado grupo de professores.
As alterações fazem parte do movimento “Simplificando a Ortografia”, encabeçado pelo professor Ernani Pimentel, presidente do Centro de Estudos Linguísticos da Língua Portuguesa (Cellp). Entre outras coisas, a ideia é abolir as combinações “ch”, “ss”, “sç”, “xç” e “xc”, bem como exterminar o “h” antes de vogais e o “u” após “q” e “g”. Além disso, o uso de certas letras, em especial “s” e “z”, ficaria condicionado ao som que elas representam. Pode parecer confuso, mas os idealizadores juram que tornaria o aprendizado mais fácil.
— Muitas das normas que regem a ortografia não têm regra lógica, possuem base só na origem da palavra. Mas, se isso não é ensinado nas escolas, como podemos cobrar? A decoreba precisa acabar — diz o professor.
Nas contas de Ernani, a partir da atualização da língua, o português poderia ser ensinado em 150 horas nos níveis Fundamental e Médio, contra as atuais 400. Assim, assegura, seriam economizados R$ 2 bilhões por ano.
— Mas não é para deixar de gastar com educação, é para investir melhor — pondera.

Comissão no senado
Ernani é um dos coordenadores de um Grupo de Trabalho Técnico (GTT) vinculado à Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, do qual também faz parte o professor Pasquale Cipro Neto. O objetivo é debater questões ligadas à unificação ortográfica entre países lusófonos, cuja entrada definitiva em vigor no Brasil será em janeiro de 2016. Na próxima audiência pública sobre o tema, Ernani promete colocar suas sugestões em discussão. A resistência, porém, deve ser grande.
— Não é proibido pensar sobre ortografia, mas isso é uma trapalhada. Concluímos há pouco uma reforma séria. É uma temeridade apresentar as coisas assim. A sociedade já está estabelecida com o sistema ortográfico em vigor — afirma Claudio Cezar Henriques, professor do Instituto de Letras da Uerj.
De um jeito ou de outro, o fato é que, em bom português, sobram línguas enroladas por aí.
— Sofro para estudar gramática com minha filha, é verdade. Mas, sei não, essa leitura aí tá toda muito estranha — desabafou a secretária Sirleide Lima, de 39 anos, ao tentar ler palavras na ortografia alternativa.

[Comentário Enzo]
Realmente essa forma de escrita, no 1º momento, pode parecer muito estranho, porque estamos acostumados à outro tipo de ortografia. A nossa ortografia atual, é confusa e muitas vezes não tem sentido, o que acaba nos forçando a decorar a forma que se escreve. E quando acontece um “branco”, acabamos escrevendo errado. Eu, por exemplo, sempre coloco “pessoa” com um “s”, tendo que ficar com uma atenção redobrada, o que as vezes não acontece.
Essa forma proposta, facilitaria a nossa forma de escrever e os erros ortográficos diminuiriam. Mas será que empobreceria a nossa língua?

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